sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

BENÇÃO DA MULTIPLICAÇÃO

"A bênção" se queremos recebê-la precisamos entender que ela está conosco. Deixe-me explicar:

Quando lemos em II Rs. 4 a história da viúva, que depois da morte do seu esposo, os credores vieram a sua porta para cobrar a dívida deixada por ele, vemos o quadro da humanidade hoje, muitos estão com os mesmos problemas daquela mulher; afligidos pela perda de alguém que amava, apreensiva pela notícia que seu esposo tinha deixado dívidas, assustada pela possibilidade de perder até mesmo os seus filhos (II Rs.4:1), enfim; ela estava perturbada e angustiada com tudo que girava a sua volta. Ela estava emocionalmente abalada, sua família a ponto de ser separada, talvez não tinha coragem de encarar os seus vizinhos pela situação constrangedora e, ainda, uma tremenda situação financeira iminente; aquela mulher precisava ser alcançada pela benção da multiplicação.

Quando ela procura o homem de Deus (II Rs.4:1,2), para pedir-lhe ajuda, ela pensava em receber uma solução para o seu problema da forma convencional, ou seja, ele clamar a Deus e Deus atender; mas qual foi a sua surpresa? O profeta Elizeu pergunta a viúva: “O que é que tu tens em casa?”, parece uma incoerência, mas Deus, através de seu ungido, estava ensinando aquela mulher que a Benção estava na sua casa e não com ele. Ela precisava somente apresentar a Deus aquilo que ela tinha em sua casa, que era uma botija de azeite, e a benção da multiplicação começaria acontecer.

Da mesma forma eu te pergunto: “O que é que tu tens?”, será que ainda resta um pouco de fé em você, ou até mesmo uma gota de esperança, então é tudo que você precisa para começar a disfrutar desta Benção da Multiplicação. Deus nunca poderá multiplicar o “nada”, mas é só você apresentar a ele uns poucos peixes e pães e uma multidão poderá ser alimentada, pois foi alcançada pela BENÇÃO DA MULTIPLICAÇÃO.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

CONTEXTUALIZAÇÃO DO SALMO 126

O estudo, ora apresentado é sobre o Salmo 126 registrado na galeria dos salmos dos degraus. Este salmo é um louvor a Deus pela restauração e retirada do cativeiro, pois é um salmo pós-exílio. O povo estava experimentando a tão sonhada libertação, depois do cativeiro na Babilônia.

Contextualização
O Salmo 126 é um salmo pós-exílio, ele foi escrito após o cativeiro babilônico. Esse Salmo, que está contido nos cânticos cantados durante a peregrinação a Jerusalém (das subidas, dos degraus, de ascensão, entre outros subtítulos que aparecem na seção dos salmos 120-134), traz em si a síntese do passado e do futuro. Ele fazia parte da história do povo de Deus, a temática e a importância desse salmo na história do povo de Deus é que toda a síntese desse salmo vem refletir o sofrimento, as dores, as decepções, as provações que o povo de Deus na sua história de vida vivenciou, mas esse salmo também retrata o triunfo, a conquista, o cumprimento das promessas de Deus, a fidelidade para com o seu povo.
“Grandes coisas fez o Senhor por nós, por isso estamos alegres”. Nosso louvor e nossa alegria são motivados pelas grandes obras de Deus realizadas em nosso favor. Israel, o povo de Deus, confessou com alegria estas palavras. Pois o Senhor, por seu poder e misericórdia, fez grandes coisas por eles. Toda a história de Israel no AT mostra-nos os grandes atos de salvação realizados por Deus em favor do seu povo (êxodo, deserto, Canaã). Deus sempre foi fiel e bondoso para Israel. Mas Israel, por muitas vezes, respondeu ao Senhor com ingratidão e rebeldia. E o Senhor sendo justo, castigou o seu povo várias vezes por suas transgressões. Um dos castigos que Deus deu ao seu povo foi o cativeiro sob um povo estranho (Dt. 28.49,64). Dois principais cativeiros ocorreram na vida do povo de Deus por causa dos seus pecados: cativeiro assírio (722 a.C.) e babilônico (586 a.C.).
O Senhor castigava o seu povo a fim de levá-lo ao arrependimento e restaurar a comunhão com ele. No castigo, o Senhor lembrava-se da sua misericórdia. Ele agiu em favor do seu povo restaurando-lhe a sorte: derrotou os babilônios e libertou o seu povo do cativeiro (539 a.C.). Um homem chamado Ciro foi o instrumento usado por Deus para libertar o seu povo (Is. 44.28; 45.1-7). O povo de Deus voltou para Jerusalém e restaurou a cidade e o templo do Senhor que antes foram destruídos por causa do cativeiro.
O Salmo 126 se encaixa dentro desse contexto histórico. Os salmos expressam as emoções dos salmistas em relação a Deus e estão ligados a uma situação histórica. Quando o salmista confessa que o Senhor restaurou a sorte do seu povo ele está se referindo à libertação do povo do cativeiro babilônico e o seu retorno à Jerusalém. Não foi somente um retorno físico, mas um retorno espiritual (Deus presente no meio do seu povo a fim de ser adorado no templo em Jerusalém que representava presença de Deus). Esse salmo era cantado pelo povo quando subia o monte Sião a fim de adorar o Senhor no templo.O salmista que escreveu o salmo 126, reconhece com alegria a graça e a fidelidade de Deus para com seu povo (v. 1-3 ).
As nações testemunharam as obras de Deus em favor do seu povo (v. 2 b). O grande amor de Deus para com seu povo era visível a todos bem como a sua ira. No castigo, Israel era zombado e escarnecido pelas nações pagãs inimigas do povo de Deus. Mas o testemunho das nações no salmo 126 é sobre a misericórdia de Deus para com seu povo.
O que ocorre na vida de um povo que é abençoado por Deus? Este povo só pode ser um povo grato e cheio de alegria. Vejam a situação de Judá. Antes, sob o domínio de um povo pagão no cativeiro, não tinham alegria, mas tristeza. Poderiam encontrar alegria na Babilônia? Entoar um hino de louvor ao Senhor numa terra estranha como escravos? Salmo 137:1-4 expressa a tristeza dos exilados.
Nos versículos 5-6 o salmista na regência da vontade divina, banhado pela inspiração do Espírito ele resume toda a história desse povo com uma linguagem totalmente agrícola para expressar as agonias, o sofrimento, mas também a conquista, os frutos que eles colheram. O final do Salmo recupera uma idéia generalizada na antiguidade, de que o processo de semeadura era difícil e, por isso, triste. Semear dá trabalho. Enquanto se semeia, os pés e mãos se ferem, o corpo se cansa, o sol castiga.
Em algumas mitologias antigas, a idéia de morte está presente na semente sepultada sob a terra. Semear é um tempo de dor. Mas a visão dos campos floridos, dos frutos amadurecidos compensa tudo. A lágrima não foi desperdiçada: ela regou a colheita. A restauração tem frutos como resultado. Ela é sempre um processo frutífero, por mais dolorido que seja. Por isso, é possível ver sorrisos onde antes havia lágrimas.É isso que vemos no contexto do salmo 126, um quadro totalmente diferente: a tristeza deu lugar à alegria. Agora poderiam tocar suas harpas e cantar salmos de louvor ao Senhor em Jerusalém, pois o Senhor lhes restaurou a sorte, fez grandes coisas por eles.

Conclusão:
O Salmo 126 nos mostra varias lições e ao mesmo tempo nos convida a redescobrir o sonho e a vivê-lo nas pequenas e grandes restaurações que Deus faz em nossa vida. A restauração tem frutos como resultado. Ela é sempre um processo frutífero, por mais dolorido que seja. É sempre fonte de alegria, de regozijo e de esperança.
Podemos nos lembrar todos os dias das restaurações que Deus tem operado em nossas vidas, assim como o povo poderia se lembrar de inimigos que se levantaram contra eles ao longo dos séculos: egípcios, assírios, filisteus, cananeus em geral, babilônios. Não faltaram oposições nem opressões ou exílios. Entretanto, a todo o tempo, Deus proveu livramento, consolo, milagres, sinais e a possibilidade de recomeçar, reconstruir e renovar a vida e a esperança. Por isso, o sofrimento ou dificuldade presente é sempre uma condição tanto de memória quanto de esperança. Sabemos o que Deus fez e cremos no que ele fará.
Mas infelizmente em nosso mundo hoje, temos perdido a capacidade e a dimensão do sonho. Vemos isso nas coisas mais simples do cotidiano. Observe apenas os jovens à sua volta: como tem sido difícil para eles sonhar! Antigamente, sempre havia facilidade em dizer o que a gente queria ser quando crescesse, pois eu falei isso varias vezes (sonhei). Mesmo que fosse impossível, o sonho existia. Hoje, infelizmente, quando se faz essa pergunta a um jovem pré-universitário, não é raro receber a triste resposta: “Ainda não sei”.

Fonte:
ALMEIDA, João Ferreira. Bíblia do Obreiro. CPAD, 2005.