terça-feira, 16 de outubro de 2012

ANTROPOMORFISMO E ANTROPOPATISMO


 Deste os seus primórdios, as pessoas desenvolveram muitos conceitos sobre a existência de Deus e sua substância, alguns desses influenciados pelas correntes filosóficas.

Teólogos influenciados pelo estoicismo, como Tertuliano, dada a sua cosmovisão materialista, pensavam em Deus como um Ser físico, ainda que feito de algum tipo de material leve e tênue, como o fogo. Os estoicos argumentavam que apenas um fator físico pode influenciar o mundo físico. Se Deus não fosse uma entidade física, ele não seria capaz de fazer nada e por conseguinte, não existiria. Parece ser esta também a posição dos saduceus, observe em Atos 23.8.

Outros pensadores cristãos foram influenciados pelo platonismo, como Orígenes. Para estes, a distinção elaborada por Platão entre o mundo físico inferior, que vemos à nossa volta, e o mundo intelectual superior, que não vemos, mas é real, combinava perfeitamente com o Cristianismo. Segundo estes teólogos, Deus fazia parte do mundo intelectual , por essa razão, não era um ser físico, não tinha um corpo material. A única possibilidade de encontrá-lo era por iniciativa da mente.

Os mórmos, da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, creem que Deus tem um corpo tangível. Joseph Smith, seu fundador, escreveu: “O Pai possui um corpo de carne e osso, tangível como o corpo humano. O Filho também. Mas o Espírito Santo não tem corpo de carne e osso; ele é uma personificação do Espírito. Se não fosse assim, o Espírito Santo não poderia habitar em nós”.

Por Deus ser Espírito, é tanto pecado quanto tolice fazer qualquer imagem ou desenho de Deus. Observe em Ex 20.5; Dt 5.8-9. Nossas mãos são tão incapazes de formar uma imagem dele ou desenhá-lo como são incapazes os nossos olhos de vê-lo.

Muitos cristãos acreditavam não apenas que Deus era material e físico, mas também que possuía algo semelhante ao corpo humano tendo em vista que a Bíblia fala das mãos, ouvidos, dos olhos, das costas, dos braços e etc. Porém estas partes corporais fazem parte de uma linguagem simbólica e analogias para podermos compreender esse Deus. 

Alguns estudiosos têm asseverado que um Deus definível não é Deus, pois, Deus não pode caber dentro de uma definição.   Todavia, a definição neste caso não tem sentido de delimitação, mas didático. Um catecismo cristão antigo definia Deus da seguinte maneira: “Deus é um Espírito perfeitíssimo, criador do céu e da terra.” O breve catecismo que sucedeu ao longo, no sul da Alemanha a partir de 1529, dispunha que: “Deus é um Espírito, infinito, eterno e imutável em se ser, sabedoria, poder, santidade, justiça, bondade e verdade”.

ANTROPOMORFISMO

 “É Deus usando as partes humanas para se expressar por meio de analogias como se ele fosse humano. Serve para trazer o infinito ao alcance do finito de forma que seja compreendido”.
 
Deus não pode ser percebido pelos sentidos humanos, pois é espírito eterno, infinito e invisível. Sendo Ele espírito, é invisível, sem substância material, sem partes ou paixões físicas, portanto, é livre de todas as limitações temporais. Deus, na qualidade de espírito, deve ser compreendido não pelos sentidos do corpo, mas antes, pelas faculdades da alma, vivificadas e iluminadas pelo Espírito Santo.
Estas representações do Antropomorfismo a seguir aludem à Sua obra, em sentido figurado, e não à Sua natureza invisível. Nelas são manifestos os Seus interesses, poderes e atividades.
      a) Os olhos falam do Seu conhecimento (Dt 11.12; Sl 34.15);
b) Os braços e mão falam da Sua eficiência e poder (Ez 20.33; Is 59.1);
c) Os ouvidos se referem a Sua onisciência e atenção (2 Cr 7.15,16; Sl 34.15);
d) A face refere ao Seu favor (Sl 27.9; 143.7);
e) A boca fala da revelação da Sua vontade (Jó 37.2; Pv 2.6);
f) As narinas aludem a aceitação das nossas orações (Dt 33.10; Ap 8.3,4);
g) O coração representa a sinceridade das Suas afeições (Gn 6.6; 2 Cr 17.19);
h) Os pés falam da Sua presença (Is 60.13; 66.1);
i) Os ouvidos referem a Sua prontidão em ouvir as súplicas dos oprimidos (Ex 3.7; Sl 34.15; Ne 1.6; Jr 33.3).


ANTROPOPATISMO

 “É a tentativa de Deus se expressar, referindo-se aos sentimentos humanos como se ele tivesse os tais”.

a) Amor - Ap 3.19 “Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê, pois, zeloso e arrepende-te”. Deus, portanto, há de ser pessoal, pois o amor é pessoal. O amor subentende três elementos essenciais da personalidade, a saber: intelecto, sensibilidade e vontade.

b) Tristeza - Gn 6.6 “Então, arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem sobre a terra, e pesou-lhe em seu coração”. A tristeza é uma emoção pessoal que aqui é atribuída, devido à atitude pessoal e às ações dos homens.

c) Ira - I Rs 11.9 “Pelo que o Senhor se indignou contra Salomão, porquanto desviara o coração do Senhor, Deus de Israel, o qual duas vezes lhe aparecera”. A ira, aqui, é um ressentimento pessoal de Deus, ainda que santo, e que Ele sentiu contra Salomão por causa de sua perfídia e infidelidade, depois de ter sido tão altamente favorecido e honrado. Somente uma pessoa seria capaz de tal ressentimento.

d) Zelo - Dt 6.15 “Porque o Senhor, teu Deus, é um Deus zeloso no meio de ti, para que a ira do Senhor, teu Deus, se não acenda contra ti e te destrua de sobre a face da terra”. O zelo ou ciúmes de Deus, diferentemente do ciúme humano, é santo. Trata-se simplesmente de Seu interesse por Seu santo nome. Sua vontade e Seu governo. Não obstante, é um elemento pessoal e revela a personalidade de seu possuidor.

e) Ódio - Pv 6:16 “Há seis coisas odiadas pelo Eterno e a sétima é uma abominação para Sua alma”.


 f) Alegria - Ne 8.10 “...a alegria do Senhor é a nossa força..”

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